Construção civil começa 2013 no limite de custos
A forte pressão que a liderança sindical dos trabalhadores da construção civil exerceu em 2012 durante a negociação salarial, que precisou ir a dissídio coletivo, colocou o mercado potiguar diante da difícil missão de aliviar seus custos e urgentemente a partir de 2013.
Puxado principalmente pelas eólicas e a Arena das Dunas, que causaram um efeito dominó sobre toda a cadeia do trabalho, hoje se fala num peso da mão de obra sobre os custos de uma obra em inimagiváveis 65%.
Esta semana, o IBGE reforçou essa suspeita ao divulgar o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi) de 2012, elaborado em parceria com a Caixa Econômica, e que apresentou em dezembro último no RN uma variação de 3,82%, fechando o ano em 4,32%, bem abaixo dos 6,21% registrados em 2011.
O Rio Grande do Norte e Pernambuco registraram as maiores pressões nos salários dos trabalhadores da construção contabilizando, pela ordem, aumentos de 3,8% e 3,2%, respectivamente.
Um gráfico postado ontem na internet pelo economista Aldemir Freire indica que enquanto um mestre de obras teve seu salário-hora aumentado em 48,23% ao longo dos 10 últimos anos (2002/2012), o ganho de um pedreiro nesse período registrou uma variação de 166,45% e de um servente, o menos qualificado, de 227,37%.
As exigências feitas pelos trabalhadores da Arena das Dunas, que é construção pesada, contaminaram a construção leve e pressionaram os custos das empresas até o limite de suas forças.
Hoje, a vice-presidente do Sinduscon RN, Larissa Dantas Gentile, comentou que a tendência das empresas a partir de 2013 será buscar maneiras de enxugar sua mão-de-obra por meios de métodos construtivos mais eficientes e menos onerosos.
“Se o valor do dissídio dos trabalhadores tivesse sido concedido como eles queriam, ao invés dos 8,25% de aumento real incorporados aos salários, hoje estaríamos pagando o equivalente a quatro vezes esse valor”, afirmou.
Segundo Larissa Gentile, essa situação reascendeu a necessidade das empresas buscarem alternativas de reduzir custos a partir da busca de tecnologias que permitam aumentar a produtividade da mão-de-obra e reduzir em 1/3 as contratações, enxugando justamente entre os operários menos qualificados.
“O que posso dizer é que as empresas estão no limite de seus custos e há uma tendência nacional por um enobrecimento e valorização do trabalhador da construção civil, mas que precisará ser acompanhada de um aumento considerável da produtividade”, afirmou.
Ela confirmou da existência de uma variação de custos de construtora para a construtora que pode chegar a 300%. “Isso depende naturalmente de peculiaridades próprias da gestão de cada empresa e do tipo de obras que elas tocam”, ponderou.
Em relação ao valor de mercado dos imóveis, Larissa não tem dúvida: a fase agora é de uma acomodação de preços. Mas considerou temerário se falar em quedas reais no valor de 10%, como fontes ligadas ao próprio Sinduscon chegaram a ventilar no final do ano passado.
Essa informação veio associada à outra, segundo a qual haveria por volta de 15% de imóveis fechados à espera de comprador.
Para Larissa Gentile, no entanto, o que há são alguns preços irreais puxados para cima e o consumidor precisa apenas usar o bom senso, pesquisar mais antes de fechar o negócio.
Segundo o diretor de Comunicação do Sinduscon-RN, Carlos Luiz Cavalcanti de Lima, toda esse quadro traçado por Larissa Gentile desmistifica o mito de que Natal teria um dos metros quadrados mais altos do País.
“Hoje me aponte alguém que consiga comprar um imóvel à beira mar por R$ 5 mil o metro quadrado no Nordeste, sem mencionar o Brasil. Em Natal você compra”, lembrou.
Para ele, porém, esse é um quadro transitório que pode mudar por completo dentro de mais um ou dois anos. “Por isso mesmo, o momento é bom para o consumidor ir às compras, pois existe uma oferta grande que vai desaparecer em breve com toda a certeza”, assegurou.